Quer se comunicar com a gente? Entre em contato pelo e-mail neumac@oi.com.br. E aproveite para visitar nossos outros blogs, "Neuza Machado 1", "Neuza Machado - Letras" e "Caffe com Litteratura".

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: VOLTANDO AO BISAVÔ JOÃO ARGOLÃO E DESCENDENTES, CAÇADORES DE BICHOS DO MATO


A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: VOLTANDO AO BISAVÔ JOÃO ARGOLÃO E DESCENDENTES, CAÇADORES DE BICHOS DO MATO

 
ANTÔNIO DE SOUSA COSTA
 
 

 

 

Voltando ao bisavô João Argolão. João Argolão era também caçador de bichos do mato. Tinha bons cachorros, veadeiros, paqueiros, era o divertimento dele, caçar. Tinha seus amigos, caçadores que vinham de longe, como os da Alvorada, e um amigo fazendeiro por nome José Martins, que era apelidado por Juca Martins, que vinha pra Fazenda do Argolão e ficava, semana inteira, caçando. Isto era tido como uma diversão.

 

Tinha também outros fazendeiros: o Ernesto Gomes, por apelido, Ernesto Capivara. Tinha também os Martins Viana, todos eles fazendeiros, que tinham bons cachorros caçadores. Ora caçavam na mata da Fazenda de um, ora na mata da Fazenda de outro, e, assim, passavam o tempo se divertindo com os bichos do mato.

 

Antônia, a esposa de João Argolão, que era chamada pelos escravos Nha-nhá Toninha, ficava na Fazenda Cachoeira dos Pereiras dando ordens aos filhos e aos escravos, e, quando eles chegavam do mato trazendo os bichos mortos, acompanhados pela cachorrada, buzinavam, com aquelas buzinas de chifre de boi. Era aquela alegria, de todos. Cada um contando vantagem: de caçada de onça, de queixada, caititu, paca, cotia, e outros bichos. Havia algumas discussões, mas sempre acabavam em paz.

 

Dos filhos de João Pereira Barba de Argolão, o primeiro português de meu tronco familiar por parte de mãe, nenhum era caçador, mas, neto e bisneto, alguns, eram caçadores. Sebastião, filho de Joaquim, era neto de Argolão; Francisco, filho de Antônio Acácio, era bisneto de Argolão; Antônio do Déco, filho de Raimundo, que tinha apelido de Déco, era também caçador fanático, bisneto de Argolão e neto de Joaquim Pereira, que era pai de Raimundo. Havia dificuldade para caçar, na época dos netos e bisnetos, pois as matas já eram de outros donos, que tinham comprado terrenos dos herdeiros de Argolão, e proibiam caçador em suas matas, para matar os bichos. Mas, eles eram tão fanáticos que invadiam as matas vizinhas e faziam as suas caçadas.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: SINHÔ JOAQUIM PEREIRA, A ESCRAVA MARGARIDA E O FILHO EUZÉBIO


A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: SINHÔ JOAQUIM PEREIRA, A ESCRAVA MARGARIDA E O FILHO EUZÉBIO

 
ANTÔNIO DE SOUSA COSTA

 

 

 
Voltando ao meu avô Joaquim Pereira, o de sangue mestiço, quero falar sobre uma escrava por nome Margarida. Eu tenho uma recordação dela, de quando ela já estava bem velhinha. Ela tinha uma filha por nome China, e vinha sempre com a filha em nossa casa, pois era muito amiga de minha mãe.

 

Margarida era uma escura já velha, mas tinha o corpo aprumado e era bem feita de feição. Tinha também um filho por nome Euzébio. Euzébio era um mulato de boa estatura, muito alegre, vivia sempre sorrindo, e tocava viola e violão muito bem. Era muito amigo de nossa família. Era também um bom carpinteiro e bom marceneiro. Quando meu pai Zeca de Souza precisava de um carpinteiro, para fazer qualquer serviço, mandava chamá-lo, e ele vinha de muita boa vontade. Já chegava fazendo bizarria. E assim ele trabalhava em todo serviço de carpinteiro. Diziam, todos da família, que Euzébio era filho de meu avô Joaquim Pereira. Minha mãe Antoninha nunca disse nada desse assunto, mas tia Olívia era muito brincalhona e, de vezes, até nos bailes, ela puxava Euzébio pelo braço e dizia para todos: “– Agora vou dançar com meu irmão”. Ele parecia até muito satisfeito com a brincadeira.

 

Euzébio era também muito vaidoso. Ele era casado com uma escura, por nome Redosina, e era pai de vários filhos, e todos trabalhadores. Redosina trabalhava com os filhos na roça, fazia plantio de cereais, tocava lavoura de café, e tinha em casa muita fartura de mantimento, criações de porcos, de galinhas, mas, Euzébio era quem administrava tudo. Quando chegava a colheita de café, Euzébio vendia o café, botava o dinheiro no bolso, ia pra o Arraial, e ficava o dia todo bebendo cachaça, e só voltava de noite, mas sempre unido à família. Euzébio era um bom trabalhador, o serviço que fazia era feito com muita perfeição; era sossegado, não tinha pressa; serviço que podia fazer em um dia, ele gastava dois; sempre muito conversado, batendo folia nos outros; também era criticado por alguns, que não gostavam dele, porque ele andava sempre bem vestido e bem calçado, camisa e calça de brim amarelo, um bom chapéu de lebre na cabeça, um bom calçado de pelica nos pés, e era metido a conquistador, mas era um homem de paz, conhecedor da Bíblia, mas não era religioso.
 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A SANZALA DO AVÔ JOAQUIM PEREIRA


A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: A SANZALA DO AVÔ JOAQUIM PEREIRA

 
ANTÔNIO DE SOUSA COSTA


 
 
 

 
Voltando aos escravos, eles tinham também a sua residência, a sanzala, que eu, Antônio de Sousa Costa, ainda alcancei, que era construída com esteios de braúna fincados no chão, medindo um comprimento de uns cem metros, mais ou menos. Dizia a minha avó Maria Brasilina de Jesus que eles tinham suas diversões. Dançavam Caxambu, batendo caixa, e dançando, e cantando. Isto era em dia de sábado para domingo, porque ninguém trabalhava aos domingos. Eles cantavam jongo [jogo] de macumba, batendo caixa; um jogava ponto para o outro. Os dirigentes da dança eram tio Luca e tia Ana. Diziam que eles cantavam assim: “– O tatu tá no mônho [moinho]?”; os outros respondiam: “– comendo fubá!” Esta cantiga era repetida várias vezes. Tinha uma outra cantiga que eu não esqueci: “Tição rolou, queimou meu pé. Batuque na cozinha, sinhá não qué”. Isto era assim: um cantando e outros respondendo; sendo que um tirava o ponto e os outros, que estavam na dança, respondiam. E tinha uma outra cantiga, também, que eles costumavam cantar. Era chamada dança do gambá: “– Tem demanda com ovo de galinha parente!”; os outros, que estavam na dança, respondiam: “– Vamo s’embora, gente!”

 

Eu ainda conheci alguns dos escravos de meu avô Joaquim Pereira. Tio Lucas e tia Ana já eram bem velhinhos e moravam na Fazenda Rochedo, que pertencia ao Capitão Francisco Victor da Silva, mais conhecido por Chico Victor. Tem uma lenda, muito engraçada, que aconteceu com os dois pretos velhos. Os que contavam esta lenda eram os dois filhos do Capitão Chico Victor: o mais velho, Atlatino Victor, e o outro, Higino Victor. Eles contavam com tanta graça que, todos aqueles que estavam ouvindo, caíam na gargalhada. E, eles, floreavam a lenda. Diziam que tio Lucas e tia Ana tocavam um pedaço da lavoura de café, na Fazenda do pai deles, o Capitão Chico Victor, e venderam o café, pagaram o que deviam, e sobrou ainda uma boa quantia em dinheiro, três contos de réis. Eles, tio Lucas e tia Ana, tinham dois canudos de taquaruçú; em um eles guardavam o dinheiro, e o outro servia de penico, para urinarem à noite. Uma noite, eles beberam muita cachaça e foram dormir. Lá pela meia-noite, acordaram e foram verter urina, e pegaram o canudo do dinheiro, e mijaram dentro do canudo. No outro dia foi que eles perceberam que tinham acabado com o dinheiro, e foram reclamar com o patrão, que era o Capitão Chico Victor, que riu muito e disse pra eles: “– Quando vocês ganharem outro dinheiro, tomem mais cuidado, viu?”
 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O AVÔ JOAQUIM PEREIRA


A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O AVÔ JOAQUIM PEREIRA

 
ANTÔNIO DE SOUSA COSTA
 
 

 
 

 
Quando João Pereira, vulgo Barba de Argolão, morreu, a Fazenda foi dividida entre os filhos. Meu avô Joaquim, sendo o mais velho dos irmãos, ficou com a Sede da fazenda, porque já morava perto. Os outros irmãos, que já eram todos casados, tinham as suas residências mais longe. Quando eu entendi-me por gente, ainda conheci a minha avó-bis, que morava com um filho, Sebastião Pereira. Sebastião Pereira era casado com Maria Luisa. Tio Sebastião Pereira possuía grande criação de carneiros e, todos os anos, quando chegava o Verão, ele tosquiava os carneiros, tirava a lã, e a tia Maria fazia cobertores de lã de carneiro, e fazia, também, de algodão; fazia até roupa de vestir em casa. Naquela época, só se vestia roupa de algodão em casa ou no trabalho pesado; para passear, usava-se roupa de seda, para as mulheres e, para os homens, roupa de tecido de casimira inglesa (tecido da Caxemira), para os ternos, ou então linho de boa qualidade. Tio Bastião Pereira, como era chamado por todos nós, e tia Maria Luisa viviam muito felizes com seus oito filhos, morando perto, todos muito reunidos, e, todos os dias, iam à casa dos pais, para pedir a bênção aos pais, rezar ladainha, terço, juntamente com a avó, que era a minha avó-bis, já velhinha quando a conheci. Minha avó-bis, que era chamada de vovó Toninha, morreu aos noventa anos, sofreu o mal da velhice por vários dias; todos os filhos, netos e bisnetos iam fazer quarto a ela, durante a noite. Eu, nessa época, era bem menino, mas recordo-me o que meus pais e meus tios comentavam sobre ela. Eles falavam, até em espécie de uma brincadeira: “– A Vovó Toninha não quer morrer! Não podendo nem virar na cama, e sempre rezando, pedindo a Deus vida”. Vovó Toninha rezava assim: “– Pela Vossa Divina Luz, me conservai, me ajudai!”.

         

Os outros irmãos de meu avô Joaquim Pereira venderam as suas heranças, por pouco mais de nada, e foram para outras terras. João foi para Ponte Nova, e Manoel foi para o Norte de Minas. Antônia e Luisa também venderam as suas heranças. Antônia era casada com o irmão de minha avó Maria Brasilina, por nome Antônio Luís Alves, que eu não conheci. Antônio Luís Alves morreu ainda moço, e a tia Toninha, como era chamada, vendeu a herança para um sobrinho por nome Pedro Alves, que era o filho mais velho do segundo casamento de Joana. E Luisa (esta eu não conheci) mudou-se para um lugar por nome Vargem Alegre, município de Manhuaçu, e por lá viveu, sem nunca voltar à Fazenda Cachoeira.

 

Voltando a Joaquim Pereira, meu avô. Minha avó Maria Brasilina contou-me que, no início que meu avô começou a enlouquecer, ele pegou a filha Corina, na idade de um ano, carregando ela nos braços, chamou dois cachorros, e subiu acima da cachoeira d’água da Fazenda, atravessou a cachoeira, na parte do início da correnteza, carregando a menina, já de noite. Do outro lado da cachoeira era uma mata virgem. Subiu margeando o rio, dentro do mato, até chegar em uma casa velha abandonada. Entrou dentro da casa com a menina, acendeu um fogo, deitou a menina perto do fogo, deixou os dois cachorros vigiando a menina, e foi pra casa de Antônio Acácio Pereira, que era seu sobrinho e concunhado, porque Antônio Acácio era casado com Francisca, irmã de Maria Brasilina. E Antônio era filho de Joana, irmã de Joaquim Pereira. Minha avó Maria Brasilina, quando deu por falta da menina, teve certeza que era o pai que a tinha carregado para algum lugar, pois deu por falta dos dois cachorros, que não estavam em casa. Chamou os filhos, despachou um para um lado, outro pra outro lado, e Raimundo subiu acima da cachoeira, e, quando foi atravessar, escorregou-se no limo da pedra e afundou-se em um remanso. Este trecho da história foi-me contado por ele próprio, em casa de meu pai Zeca. Dizia ele: “– Se não soubesse nadar, tinha morrido afogado”. O remanso era muito fundo. Ele contava que sentiu um zunzum dentro dos ouvidos, e foi até ao fundo, e, quando voltou à flor d’água, nadou e saiu. E foi pela mesma trilha que o pai tinha passado com a irmãzinha, e, chegando até a casa abandonada, encontrou a menina deitada perto do fogo, e os dois cachorros vigiando a menina. Tio Raimundo voltou com a menina pra casa. Ao chegar em casa, a família já tinha recebido a notícia que o pai estava em casa do sobrinho Antônio Acácio. Esperaram o dia amanhecer para irem buscá-lo. Todos os filhos se reuniram e foram buscar ele. Mas, quando chegaram à casa de Antônio Acácio, ele já tinha saído para o outro lado da Serra, e sempre caminhando pra frente, e eles perseguindo-o. Quando chegaram perto, e deram voz de prisão, ele avançou pra cima deles, jogando pedra, e foi a maior luta entre eles, e ele, mais com muito custo, foi preso pelos filhos. Assim, conseguiram prender ele e voltar para casa.

 

Meu avô Joaquim Pereira, quando melhorava daquelas perturbações, ninguém dizia que ele era doente. Eu me recordo bem de quando ele estava na prisão familiar. Eu ia até a sala, mas, antes de chegar, eu ficava atrás da parede, escutando ele cantar. Ele cantava as modas de viola, conversava, como que estivesse duas pessoas falando. Ele tinha um cunhado já falecido por nome Joaquim Alves, que tinha o apelido de Joaquinzinho, e, meu avô discutia com ele, e diversas vezes o xingava e, depois, pedia desculpa. E eu estava atrás da parede, na sala de dentro, ouvindo tudo. Mas, ele percebia que tinha alguém atrás da parede e perguntava: “– Quem aí?” Nesta hora, eu me aproximava dele e tomava bênção, e ele dizia: “– Benção de Deus!, pode chegar pra cá, eu não lhe faço mal”. Mas, eu tinha medo de chegar perto, e também minha avó me recomendava pra não me aproximar dele; eu conversava com ele, mas sempre concordando com ele. Tudo o que ele falava tinha que ser o certo, agente não podia contrariá-lo. Minha avó gostava que ele tivesse visita. E, como todos os que o visitavam eram da família, todos já sabiam que tinham que concordar com ele, em tudo o que ele falasse, certo ou errado. Meu avô Joaquim não bebia água, só bebia café. De vez em quando, ele gritava: “– Queeero cafeéé!!!”. E pedia também fogo para acender o cigarro, pois ele tomava muito café, e fumava demais cigarro de palha de milho.

 

A casa de meu avô Joaquim era muito grande. Era o casarão da Fazenda Cachoeira dos Pereiras (depois, Fazenda Cachoeira dos Alves). Os cômodos todos muito grandes. O pé direito da casa muito alto, com as portas e janelas todas altas; duas grandes salas, quatro quartos, todos grandes, e o quarto da sala, onde ele ficava preso, era de estuque, barreado com barro e rebocado com areia. Nos primeiros anos em que ele foi preso, arrancava os terrões da parede, e jogava por cima da outra parede, a que dividia as duas salas. Os terrões iam, voando, por cima do espaço vago das cumeeiras da casa, até à cozinha. Sendo assim, a casa não pôde ficar com os terrões nas paredes do quarto; derrubaram os terrões e pregaram tábuas, no quarto onde ele ficava preso. O assoalho tinha um metro de altura, não era porão de andar gente em pé, mas, andavam porcos por baixo do assoalho. O terreiro era cercado com rachas de braúna, para os porcos não fugirem. Dentro do quarto, havia um buraco aonde ele fazia suas necessidades. Era assim o Brasil de antigamente.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O BISAVÔ JOÃO PEREIRA


A HISTÓRIA DE ANTÔNIO: O BISAVÔ JOÃO PEREIRA

 


AUTOR: ANTÔNIO DE SOUSA COSTA - 18/02/1910 (Santo Antônio do Arrozal, MG) - 29/07/1990 (Carangola, MG)


 
 
 
 
 



Na década de 1840 chegava à extensão de terra sem dono, que depois se tornaria a Fazenda Cachoeira, Município de Carangola, Estado de Minas Gerais, João Pereira, vulgo Barba de Argolão. Ele vinha de Ponte Nova, Minas Gerais, escoltando sessenta escravos que pertenciam a ele. Com uma autorização imperial bem guardada em sua mala, naquele local fixou residência, pouco abaixo da Cachoeira.  Com o documento de posse nas mãos, construiu um casarão que abrigou toda a sua família e agregados. Fez também uma grande sanzala que era a residência dos escravos. João Pereira, vulgo Barba de Argolão, era português, casado com uma mestiça, filha de índio com negro, por nome Antônia, mas era chamada de Antoninha. Desse matrimônio nasceram sete filhos, sendo quatro homens e três mulheres. Nomes dos homens: Joaquim, Sebastião, João e Manuel. Nomes das mulheres: Joana, Antônia e Luiza. Carangola, até hoje em dia, é conhecida como uma cidade da Zona da Mata Mineira. Naquele tempo era mata virgem cerrada, com poucos moradores. A terra era posseada. O Governo da Regência Imperial oferecia as posses para os súditos portugueses. Cada morador português remarcava o seu pedaço de terra o quanto queria. João Argolão, como era chamado, tendo ele muitos escravos, demarcou uns quinhentos alqueires de terra. As divisas eram águas vertentes. Com os seus escravos, ele fez uma picada nos altos. De distância em distância, ele cortava uma árvore das mais grandes e dizia para os escravos: “– Esta é a divisa que tem que ser respeitada”. E, assim, formou uma grande Fazenda que, até hoje, tem o nome de Fazenda Cachoeira.

 

Mas teve poucos anos de vida, pois, sendo ele bastante severo com os escravos, duas escravas feiticeiras fizeram feitiço para que ele morresse. E morreu mesmo. Esta história da morte de João Argolão foi assim. Ele saiu da Fazenda para ir ao Divino de Carangola, para fazer umas compras, e as duas escravas ficaram tramando o feitiço, e dizia uma para a outra: “– Nhô-nhô saiu de casa com as pernas dele, mas não entra em casa com as pernas dele”. E tudo isto aconteceu. Elas foram pra debaixo do poleiro das galinhas, apanhavam penas das galinhas, e sempre dizendo: “– Ele não entra com suas pernas”. E tudo isto aconteceu. Quando ele chegou em casa, que foi apear do cavalo, caiu ao chão, e foi carregado até a sua cama, e dali foi para o cemitério. Joaquim, sendo o mais velho dos irmãos, ficou administrando a Fazenda. Joaquim era casado com Maria Brasilina de Jesus. Joaquim também era severo com os escravos (apesar de seu parentesco com seus próprios escravos, já que sua mãe Antônia era mestiça), batia nos escravos amarrados num topo, e sem piedade. Um dia, as duas escravas quiseram fazer uma vingança, mas não com ele. Dessa vez, elas quiseram matar a esposa dele, Maria Brasilina, que ficou doente e foi pra cama. Estava mesmo a ponto de morrer, mas, Joaquim, desconfiou das duas escravas, e disse pra elas: “– Se Maria morrer, eu vou acender uma fogueira e vou jogar vocês duas vivas dentro do fogo”. Sabendo que ele falava e cumpria o juramento, elas desmancharam o feitiço, e, em poucos dias, Maria Brasilina estava salva daquele mal.

 

Joaquim dirigiu a Fazenda até o ano de 1888 daquela Era, pois veio a liberdade dos escravos, decreto-lei pela Princesa Isabel, no dia 13 de maio de 1888. Com a liberdade dos escravos, Joaquim ficou perturbado do cérebro. Como era estudado, reuniu os escravos no terreiro da Fazenda e começou falando discurso, e dizia para os escravos: “ – Hoje vocês têm liberdade, são senhores de si, fazem o que querem, mas, eu não dou nem um ano e vocês estarão matando uns aos outros”. E conforme ele previu, isto aconteceu. Os escravos iam para as vendas de cachaças, bebiam até se embriagarem e, na volta para casa, brigavam e esfaqueavam uns aos outros.

 

Joaquim estava com cinquenta anos quando veio a liberdade dos escravos. Sabendo que não tinha mais negro para trabalhar, ficou tão perturbado, que saiu de casa fazendo desordem, bebendo bebida alcoólica, brigando, batendo e apanhando. Ficou mesmo louco. Chegou até Ponte Nova. De lá, veio a notícia para os irmãos e os filhos, que foram buscá-lo. Sebastião, filho, e Marcolino, genro, saíram em busca de Joaquim, e levaram Antônio Barbosa, que era casado com uma sobrinha de Joaquim, e foram os três até Ponte Nova. Pegaram ele e amarraram os braços atrás, e voltaram com ele para casa. Mas, em certa distância, ele embirrou, fazendo manha, não querendo andar. Eles tiveram então a idéia de surrá-lo. Sebastião e Marcolino saíram de perto, pra não verem ele apanhar, e Antônio Barbosa deu nele uma coça de vara de guaxima, e, assim, conseguiram fazer ele andar, e chegaram em casa. Prenderam-no dentro de um quarto, amarraram uma corrente na cintura dele, e ali ele ficou seis meses preso. No decorrer desse tempo, ele parou de falar, ficou calmo, e assim Sebastião e Marcolino soltaram ele. Isto era no Inverno. Quando chegava o Verão, ele começava a andar, falando sozinho, sem ninguém estar ao seu lado. E quando ele chegava aonde tinha pedra, percebendo que estavam procurando por ele, para prendê-lo, jogava pedra em todos que se aproximavam; ninguém chegava perto, pois ele jogava pedra. Joaquim era alto, forte e muito musculoso. Para prendê-lo, tinha que ser por traição. Reuniram-se os filhos e os vizinhos para prendê-lo. Uns fizeram frente a ele, outros foram pela retaguarda e jogaram um laço nele e puxaram. Joaquim pegou e deu um puxão e derrubou todos que estavam segurando o laço. Isto foi só nos primeiros anos. Depois, no decorrer dos tempos, não havia mais dificuldade para prendê-lo. Sebastião e Marcolino prendiam-no com facilidade. Era de seis em seis meses. Isto durou trinta anos, até à morte dele, quando já contava uns oitenta anos.

 

Joaquim Pereira da Cunha, nome completo, casado com Maria Brasilina de Jesus. Tiveram nove filhos, sendo seis homens e três mulheres. Nome dos homens: João, Sebastião, Joantônio, Luís, Raimundo e Manuel. Nome das mulheres: Antônia, que tinha apelido Antoninha (minha mãe), Olívia e Corina. João, sendo o filho mais velho, casou-se com Cecília e foi morar em Mutum, um lugar que fica ao Norte de Minas. Sebastião casou-se com Maria, apelidada Cota. Joãntônio casou-se com Maria, viúva de Manoel Lopes. Ela morreu, e ele casou-se pela segunda vez com Augusta, viúva de Antônio Amorim. Luís casou-se com Floripes. Raimundo casou-se com Antoninha, e Manoel casou-se com Conceição. A filha Antoninha casou-se com José de Souza Costa, apelido Zeca (estes foram os meus pais). Olívia casou-se com Marcolino. Corina casou-se com Antônio, apelidado Antônio Carabineiro. Estes são os nomes dos filhos e filhas de Joaquim Pereira da Cunha e de Maria Brasilina de Jesus (meus avós por parte materna).

 

José de Souza Costa e Antônia Pereira de Jesus tiveram doze filhos. O mais velho, Olavo; (2o) Álvaro; (3o) Maria; (4o) Eurico [falecido, ainda jovem, no Hospital Psiquiátrico da Cidade Barbacena, no Estado de Minas Gerais]; (5o) Malvina; (6o) Antônio [que é o mesmo que escreve esta história verídica]; (7o) Almezinda; (8o) Elmira; (9o) Raimunda e Regina, gêmeas; (10o) Clemilda; e (11o) Enedina.

 

A casa do Zeca, meu pai, era muito frequentada por toda a vizinhança. Era uma casa de muita harmonia.(Desde já esclareço que todos os filhos o chamavam pelo apelido, assim como também à nossa mãe Antoninha. Esclareço também que, apesar da aparente intimidade, chamando-os pelos apelidos, nós, filhos, os respeitávamos, pois eles eram muito severos). Os quatro filhos homens tocavam instrumentos de cordas. Ainda vinham alguns colegas trazendo seus instrumentos, para fazerem parte de nossa orquestra. O tio Marcolino era o vizinho mais perto, a casa dele também era muito harmoniosa. Ele tinha sanfona de oito baixos e tocava muito bem. Os filhos de tio Marcolino tocavam sanfona e cavaquinho. O pai de tio Marcolino, Manoel de Souza, tocava viola e cantava as músicas de batucadas dos negros chamadas cateretês. Era uma casa cheia. Em certas noites, nós nos reuníamos para formar uma só orquestra. Isto foi na década de 1920 a 1930. Fazíamos baile, ora na casa de um, ora na casa de outro. Mas, primeiro, tínhamos que rezar ladainha e terço. Todos eram muito religiosos. A reza era rezada na sala de dentro, e a dança era na sala de fora. Durante a noite, o povo dançava na mais perfeita ordem, e, quando queria tomar café, comer broa de fubá, biscoito de polvilho de mandioca, tinha que ir à cozinha, e, lá, tinha sempre café e broa de fubá de milho à vontade de todos.

 

Voltando ao João Argolão: Quando o João Argolão veio de Ponte Nova para o Divino de Carangola, com sua família, trouxe também seu irmão por nome Manoel, mais moço que ele. Seu irmão era solteiro e ficou morando junto com sua família. Manoel, sendo tio de Joana, começou a amá-la, e ficou mesmo apaixonado por ela. João Argolão, vendo que aquele amor entre tio e sobrinha podia acabar mal, tratou de fazer o casamento. Deu a parte melhor da Fazenda pra eles morar. Desse matrimônio, nasceram cinco filhos: Antônio, Joaquim, Maria, Manuela e Joaquina. João Argolão deu alguns escravos pra eles, como presente. Manoel começou a trabalhar com seus escravos e formou uma boa Fazenda. Mas, não teve sorte de gozar de seu trabalho, pois morreu ainda moço, deixando a riqueza pra viúva e os filhos. Sendo Joana ainda moça, logo foi pedida em casamento. Casou-se com Sebastião Alves, que era um moço inteligente e muito trabalhador. Sebastião Alves aumentou a riqueza, fez engenho de moer cana, movido a água; fazia rapadura, cachaça; tinha também monjolo de fazer farinha de milho. Era um movimento bonito. Desse matrimônio de Joana com Sebastião, seu segundo marido, nasceram seis filhos, sendo cinco homens e uma mulher. Nome dos homens: Pedro, Manoel, Francisco, Ramiro e Jovelino. Mulher: Vitalina. Sebastião, ao envelhecer-se, ficou cego, mas, mesmo assim, não deixava de dar bons conselhos aos seus filhos, que, todos os dias, reuniam-se em sua presença, para tomar opinião sobre seus próprios negócios. E a Fazenda Cachoeira, que tinha o nome de Fazenda Cachoeira dos Pereiras, ficou sendo chamada Fazenda Cachoeira dos Alves, até o dia de hoje.

 

Esta história verídica foi-me contada pela minha avó Maria Brasilina de Jesus, sendo eu ainda menino, na idade de oito anos acima. Eu era muito curioso e queria saber de tudo, por isso, ficava fazendo perguntas, não só à minha avó, mas a todos os mais velhos, que tinham satisfação em me contar todo este passado, que eu trago em recordação. Agora, neste ano de 1984, estando eu aposentado, já com os meus setenta e quatro anos, não tendo nada a fazer, vou escrevendo esta história, que já se passou há mais de cem anos, uma parte, e a outra parte, pouco mais de cinquenta anos.

 

Mas, continuando a história sobre a minha avó Maria Brasilina, recordo-me do meu tempo de menino, quando minha mãe ia passar o domingo na casa de sua mãe, minha avó Maria Brasilina, e, lá, já estavam tia Olívia, com os filhos; tia Cota, tio Bastião e os filhos; os filhos de tio Joantônio, Geralda e Tião, que ficaram órfãos de mãe e foram criados pela minha avó. Todos nós almoçávamos em casa, mas, o jantar era na casa dela. Como era muita gente para comer, e ela tinha uma grande gamela de pau, minha avó enchia a gamela de todas as iguarias de comidas, e punha a gamela no meio da cozinha muito grande, para a meninada comer, e, ali, o grupo reunido começava a discutir, um com o outro, e, assim, minha avó vinha e separava, para cada um de nós, um montinho de sua saborosa comida, e dizia: “– Agora vocês não precisam brigar; cada um tem o seu monte”. Acabada a refeição, nós íamos brincar, e, assim, passávamos o domingo todo com ela, e, de tarde, voltávamos para as nossas casas. Mas, sempre, eu ia à casa dela, para saber das coisas do passado, que ela me contava, e, também, eu a ajudava no fabrico de tecidos, pois ela fazia cobertores de lã de carneiro e de algodão; fazia até roupa para se vestir; ela cultivava o plantio de algodão. E, quando eu chegava, às vezes, com alguns dos primos, ajudava ela no trabalho. Todos os netos a ajudavam no seu trabalho: ela fiando no tear e nós, meninos, fazendo outro serviço, descaroçando o algodão em uma moendazinha, espécie de uma engenhoca, que passava o algodão, separando os caroços. Dali, o algodão ia ser batido, com um arco, espécie de bodoque, que batia o algodão até separar toda a sujeira. Depois de batido, o algodão era preparado para se transformar em linha. Para fazer linha, minha avó tinha um fuso. Fuso era o nome que se dava a uma espécie de máquina, inventada na Antiguidade, para fazer tecidos. Era uma espécie de piorra, com um cabo comprido; pegava-se um punhado de algodão, ia-se rodando o fuso, esticando a linha, e enrolando num novelo, até ficar do tamanho de uma laranja baía, das grandes. E, assim, era nosso trabalho, com nossa avó Maria Brasilina. Meu Deus, como era bom aquele tempo que não volta mais! A minha avó era uma pessoa muito amável, era muito carinhosa com os netos. Todos nós a chamávamos de mãe e vovô Joaquim, de pai; motivo porque, meu pai, quando casou com minha mãe, morou com os meus avós, e, nos primeiros anos de casado. E nasceram meus dois irmãos mais velhos em casa de meus avós. Tio Manoel e tia Corina eram crianças, ainda bem menininhos, e ensinaram aos meus irmãos a chamar os avós de pai e mãe, e, aos nossos pais, de Zeca e Antoninha, conforme eles chamavam. E, assim, todos nós irmãos, com o passar dos anos, continuamos no mesmo ritmo.

 

Voltando ao João Argolão e seus filhos. Quando João Pereira, vulgo Barba de Argolão, morreu, a Fazenda foi dividida entre os filhos. Meu avó Joaquim, sendo o mais velho dos irmãos, ficou com a Sede da fazenda, porque já morava perto. Os outros irmãos, que já eram todos casados, tinham as suas residências mais longe. Quando eu entendi-me por gente, ainda conheci a minha avó-bis, que morava com um filho, Sebastião Pereira. Sebastião Pereira era casado com Maria Luisa. Tio Sebastião Pereira possuía grande criação de carneiros e, todos os anos, quando chegava o Verão, ele tosquiava os carneiros, tirava a lã, e a tia Maria fazia cobertores de lã de carneiro, e fazia, também, de algodão; fazia até roupa de vestir em casa. Naquela época, só se vestia roupa de algodão em casa ou no trabalho pesado; para passear, usava-se roupa de seda, para as mulheres e, para os homens, roupa de tecido de casimira inglesa (tecido da Caxemira), para os ternos, ou então linho de boa qualidade. Tio Bastião Pereira, como era chamado por todos nós, e tia Maria Luisa viviam muito felizes com seus oito filhos, morando perto, todos muito reunidos, e, todos os dias, iam à casa dos pais, para pedir a bênção aos pais, rezar ladainha, terço, juntamente com a avó, que era a minha avó-bis, já velhinha quando a conheci. Minha avó-bis, que era chamada de vovó Toninha, morreu aos noventa anos, sofreu o mal da velhice por vários dias; todos os filhos, netos e bisnetos iam fazer quarto a ela, durante a noite. Eu, nessa época, era bem menino, mas recordo-me o que meus pais e meus tios comentavam sobre ela. Eles falavam, até em espécie de uma brincadeira: “– A Vovó Toninha não quer morrer! Não podendo nem virar na cama, e sempre rezando, pedindo a Deus, vida”. Vovó Toninha rezava assim: “– Pela Vossa Divina Luz, me conservai, me ajudai!”. (O seguimento desta história está nas páginas numeradas deste caderno: páginas 76, 77 e 78).*

         

Os outros irmãos de meu avô Joaquim Pereira venderam as suas heranças, por pouco mais de nada, e foram para outras terras. João foi para Ponte Nova, e Manoel foi para o Norte de Minas. Antônia e Luisa também venderam as suas heranças. Antônia era casada com o irmão de minha avó Maria Brasilina, por nome Antônio Luís Alves, que eu não conheci. Antônio Luís Alves morreu ainda moço, e a tia Toninha, como era chamada, vendeu a herança para um sobrinho por nome Pedro Alves, que era o filho mais velho do segundo casamento de Joana. E Luisa (esta eu não conheci) mudou-se para um lugar por nome Vargem Alegre, município de Manhuaçu, e por lá viveu, sem nunca voltar à Fazenda Cachoeira.



* As anotações entre parênteses são do próprio Antônio. As páginas assinaladas são de seu Caderno. O texto foi escrito à mão. Antônio preencheu dois cadernos, de cem folhas cada um, com a história de seus antepassados. As notas e os acréscimos entre colchetes são de Neuza Maria de Sousa [Neuza Machado], filha de Antônio de Sousa Costa, o narrador desta história verídica. As explicações entre parênteses, ao longo da narrativa, são todas de Antônio. Neuza foi encarregada pelo próprio Antônio, seu pai, de colocar em livro, em letra de imprensa, e posteriormente divulgar, para os descendentes do Grande Patriarca de sua linhagem por parte de mãe, a Saga de sua família e, consequentemente, a sua própria história de vida. Essa particular ramificação do sobrenome Pereira, nos Anais da família de Antônio, iniciou-se no Brasil em 1840, com o português João Pereira, vulgo João Pereira Barba de Argolão.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

XIII - AS AVENTURAS PROSOPOPAICAS DE DIANNA VALENTE


XIII - AS AVENTURAS PROSOPOPAICAS DE DIANNA VALENTE

 
NEUZA MACHADO
 

 

 

XIII

 
E o 2009 chegou,

com muita alegria sana!,

e Deus-Pai abençoou

o nosso Luís Tão Bacana,

e a esta narradora doou
 
a História da Dianna,

uma Sacerdotisa Sem Grana,

ou Sacerdotisa Lunar,

a que, em 2007,

Multi-Plana!,

foi com o Toinzão a buscar

uma Aventura Gincana,

uma Aventura Sem-Par,

no Monte Santo da Serrana

Narradora Du Neo-Mar

(que confusão pós-montana!;

não se sabe se a Dianna

pertence à Serra ou ao Mar!),

filha de Antoizinho’Aquileu

e de Jane Borromeu,

neta do Zeca Estelar

de Minas Gerais Aveziboõna,

a minha Praça Albergana,

a minha raiz, o meu Lar,

Serra Muito Antígona

do Alto Espetacular

de Carangola Romana,

uma Cidade Franco-Italiana

da Zona da Matta Exemplar.

 

Mas, enquanto o Mundo sofria

uma recessão de assustar,

uma recessão que valia

muito mais ficar no ar,

causada per secrelia

de um Norte Sem Bem-Estar,

um Norte da vei-mania

de querer no Mundo mandar,

o nosso Brasil Tão Querido,

regido per o Neo-Ungido

pel’a Massa Popular,

desde o 2002, de o Sumido

Anterior Governar,

daquele momento em diante,

do 2002 per a frente,

estava a se tornar Possante,

graças ao Neo-Presidente,

um Presidente Atuante

que, apesar de muita gente

dar-lhe bordoada constante,

bordoada maldizente

de brasileiro inconsequente

que não quer perder a fonte

do ganhar muito imprudente,

do que não sabe plantar semente,

mas tira o pãozinho quente

de quem trabalhou incessante;

redigo:

apesar da Maldizente

bordoada inconsequente

da PIGarada indecente,

o nosso Grande Presidente

já nos leva ao Patamar,

pois, a nossa Nação MultiGente,

o nosso Brasil Singular

já põe as Cartas na Frente

e vai ao Mundo a Guiar,

o Mundo da Recessão Demente

produzida per Dirigente

que se dizia Solar,

que teimava em mandar na Gente

que não sabia lutar,

e apesar do Oponente

― não apreciando o Governar

de nosso Luís Presidente

e está sempre a criticar

o seu Mandato Exemplar,

e terá de se curvar, continente,

a cumprir a Lei Corrente ―,

o Gran Luís Presidente,

Governante Singular,

in início de Anno Afolente,

o 2009 Inclemente,

está no Mundo a Brilhar,

e espero, sinceramente,

que, até ao final, coerente,

de seu Mandato Exemplar,

o nosso Cordial Presidente,

em meio à Crítica Maldizente

do PIG de Malsinar,

vença qualquer oponente

que o queira derrubar.

 
FIM

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

XII - AS AVENTURAS PROSOPOPAICAS DE DIANNA VALENTE


XII - AS AVENTURAS PROSOPOPAICAS DE DIANNA VALENTE

 
NEUZA MACHADO


 

 

XII


 
O 2008, por certo!,

será um anno de arrasar!

O nosso Luís, in deserto,

muito lhano, a resgatar

a aprovação convincente

do apoio popular.

 

A direitada, inclemente!,

querendo ao Luís julgar,

a instalar veneno quente

em quem não sabe ajuizar,

colocando o Dirigente

numa posição insular,

a impedir o Presidente

de com destreza atuar,

falando mal do Residente

do Planalto Singular,

com a linguagem imprevidente

de quem só deseja o venal

— nos dois sentidos com correntes

desta palavra plural —;

pois, então!, ó Boa Gente!

do meu Rincão Maioral!,

o 2008 Demente,

no meu Brasil Sem-Igual,

será anno impertinente,

um prenúncio do Vei-Mal,

que virá na Neo-Corrente

do 2009 Letal,

e sacudirá, inclemente,

a nossa Paz Mineral.

 

E a Dianna Boa Mente

voando pro vertical,

querendo chegar,

bem contente!,

ao seu rumo inicial,

visitar o seu Parente,

o Amadeus Primacial,

naquela Serra Influente

da Concepção Sem-Igual,

ou Conceição Transmanente,

a que fica Além-Normal,

pois, sua altura proeminente

vigora no Ascensional

do Pensamento Sem Lente,

Sem Princípio, Sem Final,

Serra de Gente Valente,

de Intrepidez Sem-Igual.

 

E o Pernambucano, pra frente!,

no 2008 Vital,

vai lutar com o Imprevidente

que só almeja o seu mal,

e com a Imprensa Maldizente,

partidária do Azagal,

que, num passado recente,

submisso a Estranho Dirigente

do Nortenho Ocidental,

quase levou nossa Gente

para o Abismo Total.

 

Assim, pois não?!, mui contente!,

NESTE 2008, com Lente,

com a força de Verbo Quente,

grito, mui diligente:

Viva o Presidente Atual!