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domingo, 15 de julho de 2012

A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - 1956 - ANDANDO DE BICICLETA NO SONHO DO GRAN PROFETA

A DEMANDA ACTUAL DO SANCTO GRAAL NACIONAL - 1956 - ANDANDO DE BICICLETA NO SONHO DO GRAN PROFETA

NEUZA MACHADO 






Naquelle Tempo de Então,
Um Tempo Que Longe Vai,
A Que Narra, Com Emoção!,
O Narrar do Veiro Pai,


Andava de Bicicleta
Nas Ruas de Carangola,
Uma Cidade Discreta
De Minas, da Vei-Parola.


Andava de Bicicleta,
Sem Pensar no Amanhã,
Uma Vidinha Correta
De Menininha-Aldeã.


Saia da “dos Romanos”,
Ruazinha Sem-Igual!,
Sem Pensar nos Grans Tiranos
Do Politicar Nacional.


Na Gran “Magalhães Queirós”,
Ruazona de Polaco,
Passava, Muito Veloz!,
Frente ao Posto da Texaco.


Em Sua Vida Infantil,
A Pobre Não Viu Primeiro
Que os Mandantes do Brasil
Provinham do Estrangeiro.


A Rua Toda Exalava
O Poder do Gran Patrão,
A Texaco Oficiava
Naquelle Tempo de Então.


O Petróleo Brasileiro,
Naquelle Tempo Aleivão,
Já Tinha o Gran Forasteiro
Tirando-lhe Um Bom Quinhão.


Naquelles Annos Cinquenta
No País da Redenção,
O Pobrim da Vei-Tormenta
A Esperar ReNovação.


E a Que Narra a Pedalar,
Na Bicicleta de Então,
Nas Asas do Bom Sonhar,
Sem Medo de Assombração.


Era o Anno Cinco Seis
Do Vinte Desafinado,
E a Profecia se Fez
Em Sonho Santificado:


Anno Que Começou
O Governo Em Ascensão,
Daquelle que Aproveitou
O Sonho do Sancto João.


O Sonho do Gran Profeta
Do Mundo Dicto Cristão,
Um Profeta Neo-Asceta
Com o Dom da Previsão.


Pois o Profeta Previu
A Terra da Promissão,
No Centro do Gran Brasil,
Com Muito Ouro e Carvão,


Minérios e Pedras Mil,
Petróleo em Profusão,
Uma Terra Sem Ardil,
Mui Propensa à Mansidão.


Um Sonho Com Muita Luz:
A Neo-Terra Prometida
Ao Gran Povo de Jesus
Que nos Baixios da Vida


Carregava Grande Cruz,
Enfrentando Fome e Frio,
Sem Casaco, Sem Capuz,
Em Seu Viver Mui Sombrio.


Na Sancta Folha Cristã,
O Sonho Foi Registrado,
Demarcando o Amanhã
De Um País Muito Dourado.


O Sancto Bosco Sonhou
Um Sonho-Revelação
E o Sancto Pai Rubricou
O Sonho do Sancto João.


E o Juscelino ReNovou
O DesMedido Sonhão,
E ao Gran Sancto Dedicou
A Capital da Gran Nação.


A Lua Cheia Reinava
No Anno 56
E o Pobrim Já Venerava
O Sonhador de Novas Leis.


A Lua do Sonhador
Da Gran Tribuna-Holofote...
Do Dicto Gran Construtor
De Brasília-Camelote...


E a Presidência Passou
Para as Mãos do Superfino,
O Que’Amplas Metas Sonhou
O Gran Jaião Juscelino.


E a História Agora Começa
Em 31 de Janeiro,
Com Governança Tripeça:
Além do Vice, o Escudeiro.


Um 31 de Janeiro,
Por Certo!, Abençoado!
Reservado ao Padroeiro
Do Sonho Mui Bem Sonhado.


Dia da Sancta Morte
De Dom Bosco, o Pré-Vidente,
O Que Doou Boa Sorte
Ao Jota Ka Presidente.


No Anno 56,
Em 31 de Janeiro,
Iniciou-se o “Já Podeis”
De Um Brasil Bell-Altaneiro.


Assumiu a Presidência
Um Gran Mineiro Afamado,
Com a Ajuda da “Eminência”
E do Goulart Mui Amado,


E A Narradora Pedalando
Em Narrar Continuado,
A História, Repensando
P’ra Não Perder o Amarrado...


No Anno Cinquenta e Cinco,
O do Mercúrio Esquentadão
(O Que Tinha a Chave e o Trinco
de Um Portal-Transformação),


Em Um Quatro de Abril
Do Tal Anno Assinalado,
Em Comício Mui Febril
Do Coligar Ajustado,


Juscelino Bell Falava,
Prometendo Muit’Ação,
Com Muito’Empenho Buscava
O Apoio do Gran Povão.


Do Povo de Jataí,
Cidade da Convenção,
Um Lugar Longe D’Aqui,
Em Goiás, Médio-Centrão.


Mercúrio Já Começava
A Mexer no Gran Chavão...
E a Platéia Delirava
Com o Discurso do Jaião...


Um Parolar Grandioso
Com Promessa-Mutação:
Fazer do Brasil Idoso
Uma Novinha Nação.


Se Eleito Governante,
O Progresso Chegaria
Àquelle Lugar Distante,
Perdido na Periferia.


Em Meio às Horas Solares,
Às Vésperas, Um Assuntou,
Era o Toniquinho Soares
Que ao Gran Líder Perguntou


Sobre o Projecto Sagaz
Da Demanda’Imperial:
A Construção em Goiás
Da Sonhada Capital.


E o Jaião Pegou no Ar
A Demanda Imperial,
E, Sem Um Pestanejar!,
Prometeu a Capital.


No Dia Quinze Seguinte,
Já Com o Projecto Legal,
Demarcou-se, Com Requinte!,
O Local do Gran Sinal.


Ali Já Se Confirmava
O Êxito da Eleição,
A Coligação Já Mandava
P’ros Quintos, a Oposição.


E o Pobrinho Miudinho,
Em Minas da Tradição,
A Ouvir no Neo-Radinho
As Notícias do Acordão.


E a Que Narra, ’Inda Menina,
De Bicicleta, a Andar,
U’a Menina Traquina
Que Só Sabia Sonhar.


Mas, Hoje, Uma Boa Filha!
Apresentando a Grande Glória
Da Construção de Brasília
(O Outro Lado da História),


Relatada Por Quem Viveu
O Momento-Transição,
Mas Que Nunca Conheceu
A Valorização do Povão.


Mas a História do Prodígio
Do Precursor Genial,
Levando o Voto-Litígio
Para o Planalto Central,


Do Que Driblou o Incréu
Com Promessa Sem-Igual,
Prometendo Um Novo Céu
Para o Pobrim-Espectral,


Pois o Dicto do Estrondado
Da Estrutura da Nação,
Será, Por Certo!, Apresentado
Na Próxima Capitulação.

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